Fiz o curso médico na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará ( Fortaleza ) e, ainda no segundo ano passei a freqüentar o Pronto Socorro do Instituto José Frota, acompanhando obrigatoriamente um anestesiologista. Ainda nesta época me dediquei a especialidade. Após a conclusão do curso Médico, fiz uma especialização em Anestesiologia no Centro de Ensino e Treinamento do Instituto de Anestesiologia e Pneumologia do Ceará, órgão vinculado a SBA. No ano de 1977, comecei a trabalhar em Mossoró, onde naquela época a cidade contava apenas com 4 anestesistas. As dificuldades eram muitas. Basta dizer que não havia equipamentos aqui em Mossoró e em várias outras cidades. Nada da segurança proporcionada pelo uso de oxímetros, capnográfos e outros monitores utilizados atualmente no fantástico mundo da Anestesiologia. Todas as manifestações clinicas eram detectadas pela audição, visão, tato, etc, etc, e pela experiência adquirida ao longo do tempo, sempre junto aos pacientes.
As anestesias, eram realizadas com outras técnicas e outras drogas e tínhamos sucesso, mesmo superando todas as dificuldades. Enfrentamos o tabu da raqui “ que aleijava “ os paciente.
Enfrentamos o tabu da anestesia geral “ que o paciente não acordava “ , mas mesmo assim superavamos essas dificuldades. Com o aparecimento de novas tecnologias e novas drogas, hoje podemos dizer que realizar uma anestesia é muito, mas muito mais fácil.
Para chegar ao nível que hoje alcançamos , foi preciso muita dedicação a especialidade, sem esquecer que vivenciamos um infinito processo de aprendizagem sempre voltado para o beneficio dos pacientes.
E o tempo não para. No final da década de 70 surgem no Brasil novas drogas e novos equipamentos. Até aí não tínhamos acesso a monitores, cardioscópios, oximetros e outros tantos equipamentos indispensáveis nos dias atuais. E surge a pergunta: como realizavam uma anestesia sem esses equipamentos? Na sala de cirurgia havia um estetoscópio e um tensíometro para a monitorização do paciente e uma vigilância permanente sobre o mesmo, o que sem a qual de nada adianta o aparato tecnológico. Quanto às drogas anestésicas, ainda quando iniciei a minha vida profissional, o arsenal farmacológico era composto essencialmente por: Éter Anestésico, Fabantol ( propanidid ), Pentrane, Halotano, Surital, Brietal, Ketamina, Thiopental, etc. Com exceção de ketamina, thiopental e halotano as demais drogas estão em desuso há mais ou menos 3 décadas.
Hoje usamos o que de melhor existe para o paciente, haja visto o aparecimento de novos anestésicos que asseguram estabilidade, controle e muita segurança. E volto a repetir: hoje está mais fácil realizar uma anestesia com mais segurança do que antes, sem nunca esquecer a vigilância ao paciente.
Por Dr. Valmiro Anunciato